
Eucalipto Maranhão
Floresta Renovável, Desenvolvimento Sustentável

O que você pensa sobre o assunto?
O que você pensa sobre o assunto?
Por César Augusto dos Reis – Abraf
As florestas plantadas no Brasil, integradas às indústrias produtoras de celulose e papel, painéis de madeira reconstituída, siderurgia a carvão vegetal, produtos sólidos de madeira e móveis, caracterizam uma importante cadeia produtiva no cenário nacional, cujo maior benefício ao país pode ser resumido no tripé da sustentabilidade: atividades economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas.
Sob o aspecto econômico, as atividades da cadeia abrangendo florestas plantadas e os segmentos das diversas indústrias de transformação, apresentaram em 2005 um Valor Bruto de Produção de R$59 bilhões, tendo recolhido R$9,2 bilhões em tributos, exportando US$2,47 bilhões e compreendendo 4,5 milhões de empregos entre diretos, indiretos e efeito renda.
O segmento está em franca expansão na produção de celulose e papel, siderurgia a carvão vegetal, fabricação de painéis de madeira reconstituída e móveis, tendo em vista a competitividade da madeira produzida a partir das florestas plantadas, conseqüência da elevada produtividade das espécies desenvolvidas pelos centros de pesquisa e desenvolvimento florestais brasileiros , e da racionalização da logística entre florestas, fábricas e a movimentação dos produtos.
É importante assinalar que as atividades dos diversos setores de transformação induzem a criação e o crescimento de pólos especializados, com o desenvolvimento de empresas fornecedoras e prestadoras de serviço, cujo melhor exemplo são os pólos moveleiros existentes em diversas regiões do país.
Do ponto de vista social, as atividades de florestas plantadas trazem excelentes benefícios às comunidades sob sua influência, que podem ser avaliados pelo Índice de Desenvolvimento Humano ( IDH ) quando se comparam municípios com mesmas características tendo ou não atividades florestais, com clara vantagem para as primeiras.
Por outro lado, programas como o fomento florestal promovido pelas empresas que cedem mudas, insumos e assistência técnica a pequenos e médios produtores rurais, garantindo a compra da madeira à época da colheita, a preços de mercado, trazem os benefícios da distribuição de renda, da injeção de recursos nas comunidades rurais, da fixação da população no campo, e dos investimentos sociais por iniciativa das próprias empresas na região.
Em 2005, as empresas associadas da ABRAF investiram cerca de R$ 69,7 milhões, em 1.045 municípios em sua área de influência, beneficiando mais de 1,2 milhões de pessoas, mediante programas nas áreas de ação social, saúde, meio ambiente, educação e cultura e produtos não madeireiros.
Todavia, apesar desse perfil de grande contribuição para as contas nacionais e geração de emprego e renda, as atividades de florestas plantadas têm sido vítimas de campanhas contrárias, com forte apelo emocional, buscando impressionar a opinião pública e atingir até mesmo a sociedade organizada com a criação de vários mitos sobre a cultura do eucalipto, que examinamos a seguir.
A afirmação de que o eucalipto seca o solo é o mito mais explorado atualmente na mídia em geral. Todavia, comparações entre espécies de eucalipto com outras essências florestais mostram que os plantios de eucalipto no Brasil consomem a mesma quantidade de água que as florestas nativas. Sua eficiência no aproveitamento da água garante maior produtividade quando comparado a outras culturas agrícolas.
A folhagem ou copa do eucalipto retém menos água de chuva do que as árvores das florestas tropicais, que possuem copas mais amplas. Por isso, nos plantios de eucalipto, uma maior quantidade de água de chuva atinge o solo enquanto que, na floresta tropical nativa, a água retida nas copas das árvores evapora-se diretamente para a atmosfera.
Estudos comprovam que a água disponível para o crescimento do eucalipto é proveniente, sobretudo, da camada superficial do solo. Normalmente suas raízes não ultrapassam 2,5 metros de profundidade e não conseguem chegar aos lençóis freáticos, quase sempre localizados em profundidades bem maiores.
Outra afirmação indevida é de que o eucalipto empobrece o solo.
Pesquisas independentes já mostraram os efeitos benéficos do eucalipto sobre diversas propriedades do solo, como estrutura, capacidade de armazenamento de água, drenagem e aeração, entre outras.
Após a colheita, cascas, folhas e galhos, que possuem 70% dos nutrientes da árvore, permanecem no local e incorporam-se ao solo como matéria orgânica. Além de contribuir para a reposição (ciclagem) de nutrientes, essa espessa camada de resíduo florestal contribui também no controle da erosão.
As técnicas de manejo utilizadas pelos produtores de florestas plantadas de eucalipto favorecem a permanente cobertura do solo. Quando as árvores são colhidas, recomeça o ciclo pela regeneração ou por um novo plantio.
As práticas de manejo adotadas pelos produtores de florestas plantadas de eucalipto no Brasil são fundamentadas em resultados de pesquisas realizados pelo setor ao longo de várias décadas. Estas pesquisas comprovam que o plantio de eucalipto preserva a qualidade dos seus solos e assegura as demandas nutricionais do eucalipto.
Essas práticas têm garantido níveis de fertilidade e de conservação crescentes e apropriados para a produção de eucalipto e de outras culturas por vários ciclos e gerações.
A criação do mito de que “a floresta de eucalipto é um deserto verde ” é outra iniciativa sem sustentação na realidade.
Por ser uma cultura de porte florestal, o eucalipto e o sub-bosque presente nos plantios formam corredores para as áreas de preservação e criam um habitat para a fauna, oferecendo condições de abrigo, de alimentação e mesmo de reprodução para várias espécies.
Com a adoção de modernas técnicas de planejamento de uso do solo, fica garantida a biodiversidade dos sistemas aquáticos e terrestres.
A soma das áreas de preservação, associadas às florestas plantadas, atingem hoje uma área total que equivale a mais de 80% da área plantada com eucalipto e pinus. Outra afirmativa comum é a de que o eucalipto gera poucos benefícios sociais e econômicos no interior do país.
São inúmeras as formas de contabilizar as riquezas geradas nas comunidades próximas ao cultivo do eucalipto. Entre elas, empregos diretos e indiretos, recolhimento de impostos, investimentos em infra-estrutura, consumo de bens de produção local, fomento a diversos tipos de novos negócios (inclusive de plantios em áreas improdutivas) e iniciativas na área social como construção de novas escolas e postos de saúde.
O eucalipto já provou ser um negócio que distribui suas riquezas entre todos que estão à sua volta, promovendo o desenvolvimento social e econômico.
Assim, as verdadeiras causas da campanha sistemática contra a atividade de florestas plantadas no país são melhor compreendidas levando em conta outras constatações :
• A excelente produtividade e a consequente competitividade dos produtos a partir da madeira de florestas plantadas nacionais, tem propiciado a conquista de novos mercados mundiais para esses produtos, vencendo a acirrada competição internacional de acesso a esses mercados.
• A reação e retaliação chegou ao país sob a forma de sutil influência e manipulação de movimentos sociais e étnicos no Brasil, isto é, disputas comerciais internacionais passam a estimular disputas ideológicas no país, confundindo a opinião pública e buscando prejudicar a competitividade dos produtos nacionais.
• Determinados movimentos adotaram estilos radicais, levando a excessos de fanatismo irracional , promovendo a satanização das atividades de florestas plantadas e chegando ao uso da violência contra instalações de pesquisa e desenvolvimento.
• Movimentos sociais e políticos com grande presença no país, acreditados como nacionalistas e progressistas, passaram a empunhar bandeiras e slogans contrários à indústria de base florestal, divulgando idéias e promovendo campanhas contrárias ao desenvolvimento nacional e à geração de empregos.
Assim, cada brasileiro deve, honestamente, perguntar a si próprio e aos movimentos sociais existentes, dos quais ele eventualmente participa, o que ele e os referidos movimentos estão fazendo para construir, ampliar e assegurar as oportunidades de educação e trabalho , além de padrões de saúde e qualidade de vida para seus filhos e netos que viverão nos próximos anos.